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Legislação Trabalhista Brasileira: principais aspectos do trabalho intermitente

O trabalho intermitente é uma modalidade de contrato de trabalho que foi formalizada na legislação trabalhista brasileira em 2017, através da Lei 13.467, conhecida como Reforma Trabalhista. Essa modalidade de contrato permite que o colaborador seja chamado para trabalhar de acordo com a demanda da empresa, sem a necessidade de uma continuidade na prestação dos serviços. A característica principal é a flexibilidade quanto aos períodos de trabalho e inatividade. 

De acordo com dados do IBGE, a participação dos trabalhadores intermitentes no mercado de trabalho brasileiro ainda é inferior a 1% do total de vínculos formais. No entanto, o número de trabalhadores contratados nessa modalidade dobrou nos últimos dois anos. 

Em 2023, a média mensal de contratações de intermitentes foi de aproximadamente 7,2 mil trabalhadores, mostrando um leve aumento em relação a 2022. Esse crescimento reflete a contínua adaptação do mercado a essa modalidade de contratação. 

No contexto do mercado de trabalho atual, o trabalho intermitente se apresenta como uma alternativa estratégica tanto para empregadores quanto para empregados. Para as empresas, ele oferece flexibilidade e a possibilidade de reduzir custos em períodos de menor demanda; enquanto para os trabalhadores, pode significar mais oportunidades de emprego, especialmente para aqueles que buscam conciliar diferentes atividades ou que têm disponibilidade para trabalhar em horários e períodos variados.  

No blog de hoje, você vai conhecer os princípios do trabalho intermitente, seus aspectos legais, benefícios e desafios, e como implementá-lo de forma eficaz nas organizações. Continue a leitura e confira.  

Quais os princípios do trabalho intermitente? 

O trabalho intermitente é fundamentado em princípios que visam atender às necessidades de flexibilidade tanto para os empregadores quanto para os empregados. Um dos princípios básicos é a não continuidade da prestação de serviços, o que significa que o trabalhador é convocado para trabalhar apenas quando há necessidade, podendo ter períodos de inatividade. Essa característica permite às empresas adaptar sua força de trabalho às flutuações de demanda, sem precisar manter um quadro robusto de funcionários fixos de forma contínua.  

Outro princípio importante é a formalização dos contratos de trabalho intermitentes. Mesmo com a natureza esporádica do trabalho, é obrigatório que todas as convocações e períodos de trabalho sejam registrados formalmente, garantindo direitos e deveres para ambas as partes. Isso inclui o registro em carteira de trabalho, o pagamento proporcional de férias, 13º salário e outras obrigações trabalhistas. 

Esses princípios se alinham com as necessidades de flexibilidade do mercado de trabalho moderno. Para os empregadores, a possibilidade de contratar trabalhadores apenas quando necessário pode resultar em economia de custos operacionais. Já para os empregados, especialmente aqueles que não buscam uma jornada de trabalho fixa, essa modalidade oferece a oportunidade de obter renda de forma mais flexível e adaptar-se a diferentes demandas de trabalho. 

Quais aspectos legais caracterizam o trabalho intermitente? 

O trabalho intermitente no Brasil é regido por uma série de aspectos legais que asseguram direitos e deveres. A principal legislação que trata dessa modalidade é a Lei 13.467 de 2017, que alterou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para incluir o contrato de trabalho intermitente. Além dessa lei, a Portaria nº 671 também oferece respaldo legal para essa forma de contratação. 

 Um dos principais aspectos legais é a exigência de um contrato formal, que deve ser elaborado por escrito e registrado na carteira de trabalho do empregado. Esse contrato deve especificar a remuneração a ser paga por hora ou dia de trabalho, não podendo ser inferior ao valor mínimo por hora da categoria profissional ou ao salário mínimo da época da contratação. Além disso, também não pode ser menor que o valor pago aos outros colaboradores que executam a mesma função na empresa. 

Os empregadores têm a obrigação de convocar os trabalhadores com, pelo menos, três dias de antecedência, e os empregados devem responder à convocação em um prazo de 24 horas. Caso o colaborador aceite o chamado, ele deve comparecer ao trabalho na data e horário acordados, porém, se ele não puder atender, não há penalidade, e ele não receberá o pagamento referente ao período não trabalhado. 

 No que diz respeito aos pagamentos, o trabalhador intermitente tem direito a receber, proporcionalmente, remuneração, férias acrescidas de um terço, 13º salário, repouso semanal remunerado e adicionais legais. Todos os valores referentes a esses direitos devem ser pagos ao final de cada período de prestação de serviço ou no máximo em até 30 dias, considerando o primeiro dia trabalhado. 

Principais benefícios do trabalho intermitente 

Esta modalidade de contratação flexível pode proporcionar vantagens significativas, atendendo às necessidades específicas de cada parte envolvida, além de impactar diretamente no cenário de desemprego do país.  

Benefícios para empregadores 

  • Flexibilidade na gestão de pessoal: empresas podem contratar colaboradores apenas nos períodos de necessidade, ajustando a equipe para atender picos sazonais de demanda e projetos de curto prazo. Isso resulta em uma otimização dos custos operacionais e maior eficiência. 
  • Redução de custos operacionais: a contratação de trabalhadores intermitentes permite às empresas reduzir custos relacionados a salários e benefícios que seriam pagos em um regime de tempo integral, mantendo a sustentabilidade financeira mesmo em períodos de baixa atividade. 
  • Maior competitividade: a capacidade de ajustar a equipe rapidamente conforme necessário melhora o tempo de resposta e a qualidade dos serviços oferecidos aos clientes, tornando as empresas mais competitivas. 

Benefícios para empregados 

  • Flexibilidade de horário: trabalhadores podem conciliar diferentes atividades e compromissos com as oportunidades de emprego, oferecendo uma solução para aqueles que não podem se comprometer com uma jornada de trabalho fixa. 
  • Oportunidades de emprego: o trabalho intermitente aumenta as ofertas de emprego para os jovens e trabalhadores que buscam uma oportunidade profissional, facilitando a inserção no mercado de trabalho. 
  • Diversidade de experiências: trabalhar em diferentes empresas e setores proporciona uma variedade de experiências profissionais, permitindo o desenvolvimento de habilidades e redes de contatos. 

Contribuição para a redução do desemprego 

  • Inclusão no mercado de trabalho: o trabalho intermitente ajuda a criar mais oportunidades de trabalho, promovendo a inclusão das pessoas que encontram dificuldades para conseguir um emprego. 
  • Diversificação da força de trabalho: esta modalidade de contratação promove maior diversidade na força de trabalho, enriquecendo o ambiente profissional com novas perspectivas e habilidades. 

Desafios do trabalho intermitente 

Embora o trabalho intermitente ofereça várias vantagens, ele também apresenta alguns desafios que precisam ser considerados. A seguir, você encontrará os principais pontos destacados: 

Estabilidade financeira 

Os trabalhadores intermitentes podem enfrentar dificuldades em planejar suas finanças devido à natureza esporádica do trabalho e à variabilidade na renda. 

Direitos trabalhistas 

Embora os trabalhadores intermitentes tenham seus direitos garantidos por lei, podem enfrentar desafios ao acessar benefícios adicionais, como opções integradas para a saúde, por exemplo. Frequentemente, esses benefícios são mais comuns entre os empregados em regime de tempo integral. A disponibilidade e a qualidade dessas alternativas variam significativamente de acordo com a cultura e as políticas de cada empresa. Portanto, é essencial que os trabalhadores intermitentes avaliem cuidadosamente as organizações para as quais prestam serviços, buscando aquelas que realmente valorizam e investem no bem-estar de seus colaboradores. 

Adaptação das empresas 

Implementar e gerenciar contratos de trabalho intermitente pode ser um desafio para empresas que não estão familiarizadas com essa modalidade, exigindo ajustes nos processos de RH e gestão de pessoal. 

Agora que você avaliou as vantagens e os desafios desse modelo de contratação, vamos entender melhor como implementá-lo na prática.  

Como implementar o trabalho intermitente de forma prática? 

Para implementar o trabalho intermitente de forma eficaz em uma organização, é importante seguir alguns passos práticos e considerar aspectos estratégicos da contratação. Primeiro, é preciso entender as necessidades da empresa e identificar períodos ou projetos que possam se beneficiar dessa modalidade de trabalho. Com base nisso, deve-se definir claramente as funções e tarefas que serão desempenhadas pelos trabalhadores intermitentes. 

O próximo passo é elaborar contratos de trabalho intermitente que atendam a todos os requisitos legais, especificando claramente as condições de trabalho, remuneração e os direitos e deveres de ambas as partes. Além disso, é essencial estabelecer um processo eficiente de convocação e registro dos períodos de trabalho, garantindo transparência e conformidade com a legislação. 

Por fim, os gestores desempenham um papel chave na implementação desse modelo. Eles devem estar preparados para gerenciar a integração dos trabalhadores intermitentes à equipe, assegurando que esses colaboradores recebam o treinamento necessário e que suas contribuições sejam valorizadas. Também é importante monitorar o desempenho e o cumprimento dos contratos, ajustando os processos conforme forem necessários. 

Tecnologias e ferramentas para gestão do trabalho intermitente 

Em um mundo cada vez mais tecnológico e automatizado, a gestão do trabalho intermitente também pode se beneficiar e ser facilitada pelo uso desse tipo de recurso. Afinal, existem diversas plataformas de gestão de recursos humanos que oferecem funcionalidades específicas para contratos intermitentes, como agendamento de turnos, registro de horas trabalhadas e gestão de pagamentos. 

 Essas ferramentas permitem uma administração mais eficiente e transparente dos contratos intermitentes, ajudando a evitar erros e a garantir que todos os requisitos legais sejam cumpridos. Além disso, elas facilitam a comunicação entre empregadores e empregados, permitindo que as convocações e confirmações de trabalho sejam feitas de forma rápida e precisa. 

 Dessa forma, plataformas como software de gestão de pessoas e aplicativos de comunicação interna também podem ser integradas para fornecer uma visão abrangente da força de trabalho intermitente, ajudando os gestores a tomarem decisões informadas e a otimizar a alocação de recursos. 

Desafios na implementação e manutenção da eficiência do trabalho intermitente 

A implementação do trabalho intermitente apresenta diversos desafios que precisam ser abordados para garantir sua eficácia e sustentabilidade a longo prazo. Um dos principais desafios é a adaptação das empresas a essa nova modalidade de contratação, o que pode exigir mudanças significativas nos processos de gestão de pessoas e nas práticas de recursos humanos. 

Outro desafio é manter as taxas de retenção e de desempenho dos funcionários, especialmente quando se trata da instabilidade financeira dos trabalhadores intermitentes. Para enfrentar esse problema, empresas e gestores podem adotar estratégias que ofereçam uma maior previsibilidade no trabalho e na remuneração. Podendo incluir a criação de cronogramas de convocação mais regulares e a oferta de benefícios adicionais que complementem a renda desses colaboradores. 

A integração e a motivação dos trabalhadores intermitentes também são aspectos que devem ser observados no processo de implantação desse modelo. Neste sentido, é importante que eles se sintam parte da equipe e tenham acesso a treinamentos de desenvolvimento profissional, o que pode melhorar seu desempenho e engajamento. 

É neste cenário que a manutenção de práticas de trabalho intermitente se torna tão importante. Afinal, as empresas devem estar atentas às mudanças na legislação e às melhores práticas de mercado, garantindo que suas estratégias de contratação permaneçam em conformidade com a lei. Isso inclui a implementação de políticas de feedback e avaliação, que ajudem a identificar áreas de melhoria. 

Por fim, o trabalho intermitente representa uma modalidade de contratação que traz flexibilidade tanto para empregadores quanto para empregados, atendendo às necessidades do mercado de trabalho moderno. Com a formalização pela Lei 13.467 de 2017 e o crescente número de trabalhadores intermitentes no Brasil, é essencial que empresas entendam e adotem essa modalidade de trabalho de acordo com a legislação trabalhista brasileira, aproveitando seus benefícios e enfrentando seus desafios de forma eficaz.

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